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Políticas e experiências subnacionais de Saúde Digital no SUS

Por Observatório do SUS

As políticas e experiências subnacionais de saúde digital no SUS, em diálogo com a Estratégia Nacional de Saúde Digital 2020-2024 (ESD28), foram o tema da segunda mesa do seminário Saúde Digital e Inteligência Artificial no SUS: Desafios e Perspectivas, realizado em 31 de outubro na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz).

Roberta Rúbia, assessora técnica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e membro da Câmara Técnica de Saúde Digital do COREN-SP, abriu as discussões destacando os avanços e desafios da transformação digital na saúde de São Paulo. Ela apresentou os eixos de atuação: atenção básica, acesso especializado, reestruturação de serviços, assistência farmacêutica, que estruturam a agenda de transformação digital no estado. 

Entre os avanços, Rúbia enfatizou o Núcleo de Informação em Saúde e Estratégia, inspirado em modelos da Bahia e Goiás, que permite a visualização de dados em tempo real, agilizando a tomada de decisões. A inauguração do Centro Líder de Inteligência em Saúde Digital, em parceria com o Hospital das Clínicas, também foi destacada como um marco, promovendo a governança de dados e o Prontuário Digital Integrado (PDI) para facilitar o acesso ao histórico clínico dos pacientes nas unidades estaduais. 

A assessora ressaltou ainda a expansão da telemedicina em unidades prisionais e municípios, que já resultou em mais de 5 mil atendimentos. Outra inovação é o aplicativo de saúde digital integrado ao Poupatempo, que permite agendamentos e acesso a programas preventivos como “Mulheres do Peito”. Ela concluiu reafirmando o compromisso de São Paulo com a inovação e a integração para aprimorar o SUS no estado. 

Na sequência, Gustavo Godoy, gerente de Saúde Digital da Secretaria Municipal de Saúde do Recife, apresentou as iniciativas do município, que visam reduzir desigualdades no acesso à saúde. Ele destacou o Connecta Recife, plataforma digital que reúne mais de 600 serviços municipais, incluindo agendamentos e informações de saúde. Com o uso de inteligência artificial, a plataforma facilita o acesso e combate a desinformação. 

Outro ponto relevante foi a integração dos sistemas e prontuários eletrônicos, que possibilita uma visão mais ampla do histórico de saúde dos pacientes. Segundo Godoy, essa conectividade permite um atendimento mais eficiente e garante o acesso a dados atualizados por toda a rede de saúde do Recife. 

A apresentação de Luis Antônio Benvegnú, Diretor de Atenção à Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), destacou as iniciativas inovadoras em saúde digital e a ampliação dos serviços do GHC dentro do SUS.  

Benvegnú ressaltou o pioneirismo do GHC no uso de sistemas informatizados para processos administrativos e clínicos. “Hoje temos um prontuário eletrônico robusto, mas enfrentamos desafios de atualização e interoperabilidade”, explicou, enfatizando a importância de conectar os sistemas de forma que promovam uma visão integrada do paciente.  

Entre as inovações destacadas está o EcoInfo AES (Ecossistema de Informações da Atenção Especializada em Saúde), que visa integrar dados especializados, monitorar indicadores de desempenho e facilitar o acesso a informações confiáveis e oportunas. “Estamos construindo uma infraestrutura digital para compartilhar dados entre as unidades do SUS de maneira segura e eficiente, promovendo a continuidade e a qualidade do cuidado”, destacou Benvegnú. Ele também mencionou a aplicação de telemetria para monitorar o fluxo de pacientes no centro cirúrgico, o que otimiza a utilização dos leitos e amplia a capacidade de atendimento. 

Concluindo, Benvegnú reforçou a necessidade de uma cultura de inovação em todos os níveis institucionais para buscar soluções para os desafios cotidianos. “Nosso compromisso é com uma saúde pública de excelência, sustentada por dados confiáveis, processos otimizados e tecnologias que realmente façam a diferença no atendimento à população”, finalizou. 

Oswaldo Gonçalves Cruz, Pesquisador do Programa de Computação Científica (PROCC) da Fiocruz, Consultor do Centro de Inteligência Epidemiológica da Cidade do Rio de Janeiro (CIE/SMS-Rio) e do Centro Nacional de Inteligência Epidemiológica do Ministério da Saúde (CNIE/MS), abordou as inovações desenvolvidas em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Ele compartilhou a experiência na implementação de um sistema avançado de monitoramento de dados epidemiológicos, fundamental para aprimorar a vigilância e a resposta a surtos e emergências de saúde na cidade. 

Frente a fragmentação dos dados de saúde, Cruz relatou que, em conjunto com o Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE), foi desenvolvida uma infraestrutura de dados unificada que armazena informações de diversas fontes. “Hoje, um boletim epidemiológico que antes levava dias para ser gerado fica pronto em minutos”, destacou. 

Ele também mencionou as ferramentas InfoGripe e InfoDengue, desenvolvidas pela Fiocruz e integradas ao CIE, que monitoram a propagação de doenças em tempo real, oferecendo modelos preditivos baseados em dados do SINAN e de fontes complementares. “Esses modelos proporcionam uma visão mais abrangente e oportuna das condições epidemiológicas”, explicou. 

Além disso, Cruz enfatizou os painéis interativos que facilitam a análise de dados temporais e espaciais, acessíveis aos gestores de saúde, permitindo previsões, como o impacto de ondas de calor na saúde pública, a partir de dados meteorológicos e de saúde. Outro avanço mencionado foi a criação de um sistema de monitoramento vacinal para identificar atrasos e planejar ações corretivas. 

Ao encerrar, Cruz destacou a importância de uma infraestrutura de dados integrada e organizada, enfatizando que o modelo implantado no Rio de Janeiro pode inspirar outros municípios. “Com dados centralizados e automatizados, damos suporte ágil à tomada de decisões, ajudando a identificar áreas críticas e agir rapidamente,” concluiu. 

A sessão contou com a moderação de Mariana Vercesi de Albuquerque, pesquisadora da ENSP. 

Assista abaixo à transmissão completa da mesa Saúde Digital no SUS: políticas e experiências

Confira a cobertura da primeira mesa do seminário – Impactos e possibilidades no uso da Inteligência Artificial para o SUS

Por Júlia da Matta


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