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Carreiras e gestão do trabalho na Ebserh: estratégias e desafios

Por Observatório do SUS

Em sua palestra no seminário Carreiras no SUS: Obstáculos e Alternativas, realizado no dia 11 de março de 2024, Luciana Gouvêa Viana, Diretora de Gestão de Pessoas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), compartilhou um panorama detalhado da atuação da empresa, seus desafios e estratégias para fortalecer a gestão de pessoas nos hospitais universitários federais que integram a rede Ebserh. 

A Ebserh e seu papel no SUS 

Fundada em 2010, durante o governo Lula, e efetivamente implantada no governo da presidenta Dilma Rousseff, a Ebserh surgiu como uma resposta à necessidade de recomposição da força de trabalho nos hospitais universitários federais. A empresa é vinculada ao Ministério da Educação e tem como missão a gestão e aprimoramento da qualidade do atendimento nos hospitais universitários, com foco na assistência à saúde, ensino e pesquisa. 

Atualmente, a Ebserh integra 41 hospitais universitários em 23 estados, abrangendo desde hospitais de média complexidade até centros especializados em alta complexidade. A empresa emprega cerca de 60.000 trabalhadores, sendo uma das maiores redes de hospitais universitários do H hemisfério Sul. 

Perfil da força de trabalho na Ebserh 

Luciana Gouvêa destacou que 87% dos profissionais da Ebserh atuam na área assistencial, com um expressivo número de mulheres (70,8%) e pessoas negras (46,6%) compondo a força de trabalho. Contudo, a empresa ainda enfrenta desafios relacionados à inclusão de pessoas com deficiência, com um índice de apenas 3,6%. Para enfrentar essa questão, foram implementadas ações afirmativas, como o aumento da reserva de vagas e estratégias de acolhimento e monitoramento, em parceria com a Secretaria de Proteção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 

Desafios de governança e diversidade 

Apesar da representatividade das mulheres nas diretorias da Ebserh, Luciana Gouvêa chamou atenção para a disparidade entre os cargos de governança e as posições nos níveis táticos e operacionais, onde as mulheres ainda enfrentam limitações, especialmente nas posições de alta governança dos hospitais universitários. De acordo com a diretora, a Ebserh tem buscado alterar esse panorama, com ações de empoderamento e redefinição das estruturas de governança. 

Carreiras na Ebserh: perspectivas e desafios 

Sobre o sistema de contratação na Ebserh, Gouvêa explicou que é composto por profissionais que ingressam por meio de concursos públicos ou vínculos celetistas. De acordo com ela, a empresa se destaca por implementar uma carreira pública com um plano de cargos, carreiras e salários, que busca valorizar principalmente as categorias de enfermagem e médicos. No entanto, Luciana ressaltou que a Ebserh enfrenta dificuldades com a rotatividade em algumas áreas, como nos assistentes administrativos, e nas especialidades médicas, como anestesiologia, cirurgia cardíaca e neurocirurgia, que frequentemente demandam processos seletivos simplificados para suprir as lacunas. 

Gestão participativa e desafios salariais 

Em relação à gestão do trabalho, a diretora destacou que a Ebserh adota um modelo de gestão democrática e participativa, buscando sempre dialogar com os trabalhadores sobre as condições de trabalho e suas demandas. Luciana também mencionou que o acordo coletivo de trabalho da empresa ficou travado por três anos, dificultando a recomposição salarial e a melhoria das condições de trabalho dos profissionais, mas que esforços têm sido feitos para corrigir essas questões. 

O futuro da Ebserh e a qualificação profissional 

Ao concluir sua apresentação, Luciana Gouvêa enfatizou a importância da Ebserh para o fortalecimento do SUS, destacando a formação de profissionais da saúde e a qualificação contínua como pilares para a melhoria da gestão hospitalar. De acordo com ela, a empresa tem um papel fundamental na regulação do mercado de trabalho na área da saúde, evitando a precarização e a terceirização excessiva, e promovendo uma rede pública de hospitais bem estruturada e voltada para as necessidades da população. 

Gouvêa ressaltou que a Ebserh, assim como o SUS, enfrenta desafios significativos, mas também possui uma trajetória de avanços e inovações que podem contribuir para dar continuidade ao desenvolvimento de uma saúde pública de qualidade no Brasil. 

Para saber mais sobre o seminário, acesse a análise das questões discutidas na série Em debate e assista à transmissão completa do evento.

Assista abaixo à palestra de Luciana Gouvêa Viana, transmitida ao vivo pelo canal da ENSP no YouTube, e confira sua apresentação aqui.


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